domingo, 10 de abril de 2011

Salvação - Episódio 1


Capítulo 1
Se no céu as estrelas apagarem
E a lua não quiser mais brilhar,

Como vou saber para onde vou

E como descobrir quem eu sou?

A Imagem
Julliet
O casamento estava lindo, o que já era de se esperar com Alice no comando, mas por algum motivo que nem eu mesma sabia explicar, tinha deixado momentaneamente a festa, onde meu pai e Zafrina (será que devo chamá-la de mãe agora que ela tinha casado com meu pai?) estavam no meio da dança dos noivos.
Me sentei na varanda da casa e senti a brisa suave balançar os meus cabelos, que hoje estavam negros como a noite ao meu redor (ás vezes sinto necessidade de mudar de aparência, isso por que ser apenas eu mesma parece tão... difícil.) .
-Algum problema?
Esme perguntou, se aproximando e se sentando ao meu lado.
-Não.
-E por que não está na festa?
-Não sei ao certo.
-Algo contra o casamento do seu pai com Zafrina?
-Claro que não, eu gosto dela... É que de repente me senti... Sozinha.
-Mas por que? Você está cercada por gente que te ama, nós somos a sua família.
-Eu sei.
Zafrina apareceu na soleira da porta, com seu longo vestido branco e o cabelo enfeitado por pequenas flores e disse:
-Julliet, está fugindo da festa?
Senti a necessidade de falar a verdade, que era causada pelo poder de Zafrina e respondi:
-Mais ou menos.
-Não precisa ter medo, nada vai mudar.
Ela se virou e voltou para a festa, Esme se levantou e caminhou até a porta, mas não a atravessou, esperando que eu fosse com ela.
-Tudo sempre muda.
E essa era o meu maior medo.

7 anos depois...

Já faziam três horas.
As horas mais longas de toda a minha não-vida.
-Vai dar tudo certo.
Zafrina disse, com um sorriso reconfortante.
-E se não der?
Minha velha companheira, a insegurança, não me deixou acreditar nas palavras dela... Mas afinal, não era algo tão importante assim, nenhum assunto de vida ou morte. Mas apesar disso, era importante, muito importante para mim.
Meu pai me olhava como se precisasse gravar meu rosto na memória. Havia um certo temor no olhar dele, era engraçado mas ele era o único pai no mundo que não precisava ter medo da filha crescer, eu podia parecer mais velha, mas na realidade jamais cresceria, apesar disso ele ainda tinha medo como qualquer outro pai devia ter.
-Não se preocupe.
Meu pai disse e de alguma forma as palavras dele surtiram mais efeito do que as de Zafrina.
-Ok.
Olhei de novo para a porta do quarto de Polly e Michael, ainda estava fechada.
Mais alguns minutos se passaram e minha ansiedade voltou a crescer, cheguei a levar um susto quando a porta finalmente se abriu e uma Samantha sorridente olhou para mim dizendo:
-Ela terminou.
-Mesmo?
-Sim, venha.
Eu, meu pai e Zafrina entramos no quarto (ou o que devia ser o quarto) da Polly, tinham bolinhas de papel amassado por toda parte, Polly estava sentada numa cadeira de frente para um cavalete onde estava o desenho que ela tinha feito... Polly era uma artista, ela fazia quadros incríveis e desta vez, estava fazendo um imenso favor para mim.
-Posso ver?
Perguntei, me aproximando mais dela, Polly sorriu e virou o cavalete com o quadro na minha direção, a jovem no desenho parecia quase viva, ela tinha longos cabelos louro-dourados no mesmo tom que os meus, lábios cheios e traços suaves, devia ter uns dezesseis anos e aquela era eu, uma imagem do que talvez eu viesse a ser um dia, caso não tivesse sido mordida por um vampiro.
-Gostou?
Ela perguntou.
-Eu... Adorei, é muito parecida comigo.
-Claro que é.
-Quem é ela?
Eu tinha uma necessidade incomum de querer saber quem era a verdadeira dona daquele rosto, daquele olhar. Nunca tinha sentido algo assim antes, normalemtne eu apenas assumiu a aparência das pessoas, sem me importar com quem eram, mas desta vez não, desta vez parecia importante saber quem ela era.
-Ninguem.
Ela respondeu, com um sorriso ainda maior.
-Como assim?
-Ela não existe.
-Não existe?
-Claro que não, eu a criei a partir dos seus traços, ela é você.
Olhei para ela admirada, não tinha esperado que ela criasse uma nova imagem para mim, só tinha pedido que ela desenhasse alguém que fosse parecido comigo. Se eu tivesse lágrimas, teria chorado.
Me aproximei mais do quadro e só não toquei na imagem pois o cheiro forte de tinta parecia mostrar que o quadro ainda não estava seco, ela era linda... E era eu.
Senti a mesma emoção de quando vi minha verdadeira imagem pela primeira vez, era como se eu estivesse sendo apresentada a mim mesma, uma sensação estranha, mas muito boa.
-Obrigada.
Foi tudo que consegui dizer, com a voz embargada pela emoção.


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