segunda-feira, 11 de abril de 2011

Salvação - Episódio 18


Estrelas Apagadas
Corri para casa o mais rápido possível, sair não tinha sido uma ideia tão boa no final das contas.
Aquela garota já estava me irritando, percebi que nem ao menos sabia o nome dela, não que isso importasse muito, mas era engraçado que só naquele momento, depois de uma luta feroz com ela eu percebesse esse fato.
A janela do quarto não era alta de mais para que eu não pudesse chegar até ela num só salto, mas achei melhor ir até ela através da árvore para evitar barulhos que pudessem ser considerados suspeitos pela minha família cheia de ouvidos super aguçados.
Felizmente minha agilidade vampírica ajudou muito e em poucos segundos, eu já estava atravessando a janela, dei uma última olhada para fora, tentando apagar da mente tudo o que tinha acontecido, mas não é muito fácil apagar toda a emoção e a satisfação de ter dado uma surra na sua rival amorosa.
Quando olhei para trás, fiquei surpresa, eu não estava sozinha.
Ali estavam, Edward, Jasper, Alice e meu pai, todos de braços cruzados e com expressões preocupadas e/ou irritadas, a do meu pai pendia mais para a segunda opção.
-Onde você estava?
Jasper perguntou, calmo como sempre, mas pelo olhar de Alice eu percebi que eles já sabiam de tudo, ela tinha visto.
-Dando um passeio.
Eu disse, tentando fechar a mente para Edward. Esqueça tudo. Me ordenei, apesar de saber que não adiantava nada.
-Alice viu mesmo que você queria dar um passeio.
Edward disse, com um olhar crítico. Ele estava procurando, fuçando na minha mente.
-E o que você viu exatamente?
Perguntei, mantendo a mente vazia, e não é que eu estava ficando boa nisso?
Alice suspirou antes de responder.
-Vi você pulando a janela e indo para a floresta, depois vi a sua pequena batalha contra Brigitte.
Ela frisou bem o nome e eu perguntei, automaticamente:
-Esse é o nome dela?
-Sim.
Meu pai não gostou da mudança de assunto.
-O nome dela não importa, Julliet por que fugiu?
Ele me olhou nos olhos, mas eu não suportei por muito tempo e desviei o olhar ao responder:
-Eu não fugi, queria apenas pensar um  pouco sozinha.
-Pensar sobre o que?
Ele me olhava como se soubesse que eu estava escondendo algo.
Não pense. Me ordenei de novo, essa parte eles não sabiam e nem deveriam saber.
-O que não devemos saber?
Edward perguntou e eu senti raiva dele por um momento, por que ele tinha que querer saber tudo?
-Nada.
-Precisa nos contar Juh, somos uma família, não podemos ter segredos.
Alice disse, com delicadeza proposital.
-Não estou escondendo nada.
Insisti, Alice pareceu desapontada.
-Tem certeza?
-Sim.
Meu pai me olhou bem antes de dizer:
-Não quero mais que você saia daqui, para nada.
Uma parte de mim se revoltou com o tom autoritário dele. Está bem, ele é meu pai, mas que direito ele tem de querer mandar em mim? De querer me fazer prisioneira naquela casa?
-Ele só quer te proteger.
Edward respondeu.
-Quem disse que preciso de proteção?
Eu perguntei, não consegui evitar, era aquela mesma parte fria de mim se revoltando contra minha passividade.
-Não fale assim, a família se protege, você sabe disso.
Alice me lembrou.
Eu não queria dizer isso em voz alta, mas sabia que Edward estava ouvindo minha mente então contei apenas para ele, me deixar presa não é uma boa forma de proteção.
-Concordo, iremos resolver isso.
Edward disse, assentindo.
Fiquei aliviada, até ele terminar a frase:
-Mas até resolvermos, é melhor você ficar aqui mesmo.
Droga. Meu pai se aproximou mais de mim e o tom dele mudou:
-Fiquei preocupado, não faça mais isso ok?
Eu apenas assenti.
Todos os quatro se viraram para sair do meu quarto mas Alice, antes de passar pela porta me lembrou:
-Ficarei de olho em você.
E então eles saíram, fechando a porta atrás deles.
A janela ainda estava aberta e eu olhei através dela. Tive uma vontade insana de pular novamente e caminhei para mais perto, as cortinas eram balançadas pela brisa da noite, no céu, algumas estrelas brilhavam, segurei a parte superior da janela e puxei-a para baixo, fechando-a.
Ok, vou obedecer, ou pelo menos tentar.
Sentei na cama e fiquei olhando para a porta fechada, depois de alguns minutos me voltei para a minha mesa de cabeceira, lá estava o livro vermelho e emoldurado com letras douradas em relevo, Romeu e Julieta, engraçado, a Julieta da história também viveu um amor proibido, teve que ir contra a família para ficar com o amado, exatamente como eu teria que fazer caso decidisse mesmo lutar por Jean-Claude independente das consequências.
No final da história, os dois morrem, pois já que não podiam ficar juntos em vida, foram unidos pela morte.
E se, no fim, eu precisasse fazer a mesma escolha?
Uma vida sem ele ou a morte com ele?
Qual seria minha escolha?
Me deixei cair na cama e fiquei olhando para o teto, vi uma estrela apagada, lembrei que depois da luta com as bruxas e da nossa vitória, Polly e Samantha tinham colado estrelas no teto comigo, daquelas que brilham no escuro, já fazia muito tempo, e elas não brilhavam mais quando a luz era apagada.
Tinha restado apenas a escuridão.


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