Salvação - Episódio 16

Saudade
O caminho de volta foi mais rápido do que eu queria...
As palavras dele ficavam soando na minha cabeça e eu tentei apagar o sorriso que insistia em ficar no meu rosto.
Ele tinha dito que gostava de mim, de um jeito que ia além da amizade, deveria ficar feliz ou triste com isso? Bem, na realidade essa era uma pergunta desnecessária já que se eu fosse sincera comigo mesma, teria que admitir que estava feliz.
Quando estava perto de casa, dei a volta e fui para o lugar onde eu o tinha visto, tentei captar o cheiro dele, mas já tinha desaparecido. Senti algo diferente, não era amor, mas talvez fosse algo decorrente dele, apesar disso não encontrei a palavra certa para definir o sentimento.
Me virei e corri de novo para casa, decidida a tentar esquecer ou ao menos parar de pensar tanto naquilo.
-Aconteceu alguma coisa?
Polly perguntou, assim que cheguei aonde ela e Michael ainda estavam, sentados nos degraus da varanda.
-Não.
Respondi rápido de mais e ela me olhou ainda mais desconfiada.
-Tem certeza?
-Bem...
Mas o que ela faria se soubesse? Me perguntei, um pouco temerosa, sim, sou uma covarde ás vezes, admito.
Polly me olhou como se me incentivasse a continuar.
-Bem, não aconteceu nada de mais.
Ela provavelmente não ia contar para ninguém, talvez para Samantha mas fora isso, Edward ia ler a mente dela como se fosse um livro aberto, literalmente. Polly não acreditou em mim.
Eu me sentei num dos degraus e esperei que ela insistisse para que eu contasse, mas ela não fez isso, permaneceu calda, de mãos dadas com Michael.
Senti inveja deles, a relação que eles tinham era tão simples, um amor simples e puro. Bem diferente do que eu tinha com Jean-Claude, que era um tipo de amor extremamente complexo, afinal, eu meio que estava apaixonada pelo inimigo.
-Vamos entrar.
Michael disse, se levantando e puxando Polly com ele.
-Precisamos mesmo?
Perguntei, eu não queria entrar.
Entrar em casa significaria ter que esconder o que tinha acontecido de todos e isso não seria nada fácil, era tão melhor ficar ali, fingindo que nunca teria que encarar os outros...
-Sim, estamos aqui a tempo de mais, não sei como eles ainda não vieram nos espionar.
-Hum...
Cima de tudo, entrar significaria ter que enfrentar o leitor de mentes da família. Era improvável que Edward deixasse meu nervosismo passar despercebido, tentei limpar a mente, parar de pensar no que quer que fosse e decidi mudar, voltei para a minha forma original e infantil, as roupas ficaram largas.
-Vamos.
Eu disse, e tentei apagar tudo da memória.
Nós três entramos em casa, Edward por sorte estava tocando piano, Zafrina, Nessie e Jacob estavam em seus quartos dormindo, meu pai devia estar com Zafrina, os outros estavam todos ocupados cada um com uma coisa diferente.
Subi as escadas e fui para o meu quarto, ainda evitando pensar em qualquer coisa que fosse, Edward tinha um alcance bem grande.
Assim que entrei me atirei na cama e fechei os olhos. Vampiros não dormem, mas fiquei ali deitada como se pudesse mesmo dormir.
Seria errado ir vê-lo no por-do-sol? Evitei pensar no nome.
Me sentei e abri os olhos.
Queria poder pensar um pouco, olhei para a frente e vi a janela aberta, as cortinas estavam balançando com o vento frio da noite, me levantei e caminhei até a janela, olhei para baixo e uma palavra surgiu na minha mente "saudade", era esse o sentimento, levei um segundo para tomar a decisão...
E então, olhei para trás brevemente e pulei.