segunda-feira, 11 de abril de 2011

Salvação - Episódio 22


A Casa
-Não posso ir com você.
Eu queria dizer o contrário, mas não podia.
-Por que?
Ele perguntou, seu sorriso desaparecendo.
-Não posso abandonar minha família.
-Não entendo isso de família, mas se você quer ficar com eles, tudo bem.
-Mesmo?
-Claro, não posso te manter longe de quem você ama, isso faria você sofrer.
Eu não podia acreditar que ele compreendia, e mais do que isso, ele parecia até mesmo aceitar o fato de que eu amava minha família e queria ficar com eles, olhando nos olhos dele eu soube que ele estava sendo sincero e o amei ainda mais.
Fiquei calada e o silêncio do momento nos envolveu enquanto mantínhamos o olhar fixo um no outro, ele sorriu e disse:
-Venha, quero te mostrar uma coisa.
-O que?
-Vai ver quando chegarmos.
Eu apenas assenti e deixei que ele me levasse para onde quer que fosse. Não era uma fuga, na realidade era quase como um passeio.
Depois de uns dez ou quinze minutos de corrida, ele finalmente parou.
Estávamos diante de um desfiladeiro, dali de cima era possível ver um vale logo abaixo, naquele vale, havia uma casa, mas era uma casa tão grande, que podia ser tida como uma mansão, ela era em estilo vitoriano e parecia bem antiga. A casa parecia não se encaixar na paisagem muito bem, como se ela de alguma forma pertencesse a outra época...
-Essa é a minha casa.
Jean-Claude disse, com uma voz um pouco diferente.
Era como se aquela casa representasse algo ruim, mas eu não sabia dizer o que.
-É uma bela casa.
Comentei e ele me deu um olhar triste.
-Muito bela, mas eu odeio essa casa.
A tristeza se transformou em raiva e os olhos dele brilharam, mas era um brilho estranho, como se fosse feito de chamas raivosas.
-Por que?
Perguntei.
-Essa casa é uma prisão...
Eu não disse nada e ele prosseguiu:
-Estou preso nela já tem quase dez anos.
-Mas se você a odeia tanto, por que não foge?
-Por que é impossível fugir dela.
Olhei de novo para a casa, parecia normal.
-Como assim?
Perguntei.
-Não falo da casa em si, mas dos moradores dela.
-Ah...
Agora eu entendia.
-Mas você é um vampiro...
Comecei, mas ele não me deixou terminar.
-Sou um vampiro sem poder algum numa casa onde todos os outros tem poderes.
-Mas ainda assim...
-Acredite eu sei que não posso fugir.
-Como pode saber isso?
-Eu sei pois eu já tentei antes.
-E o que houve?
-Eles sempre me encontram.
O olhar dele estava triste novamente.
-Mas minha família pode te proteger.
Um brilho esperançoso surgiu no olhar dele.
-Mesmo?
-Claro.
-E por que eles fariam isso?
-Por que, sendo meu parceiro, você também seria parte da família, e a família protege a família, sempre.
Ele sorriu.
-Então você quer que eu seja seu parceiro?
Dei de ombros.
-Me preocupo mais com o que você acha, tem certeza de que quer ficar comigo?
Perguntei, afinal, precisaria perguntar isso, mais cedo ou mais tarde.
-Claro que quero ficar com você, por que não quereria?
-Meu poder assusta muita gente.
-Duvido que me assuste.
Ele disse, com ar de desafio.
Na mesma hora, cai de joelhos no chão e comecei a me transformar, abaixei o rosto para que eles não visse meu rosto caindo em pedaços e quando me levantei, já não era eu mesma, já não era nem mesmo uma mulher, eu era ele.
-Bem, confesso que isso me assustou um pouco.
Ele disse, mas ainda mantinha o sorriso.
-E então?
Perguntei, ansiosa pela resposta.
-Tenho certeza que posso conviver com isso.
-Mesmo?
-Claro.
Não consegui evitar um sorriso.
-Já me disseram isso muitas vezes, mas agora que estou vendo eu mesmo, preciso concordar.
-Com o que?
-Eu sou mesmo muito lindo, apesar das roupas de mulher.
-E muito charmoso também.
Nós dois nos olhamos por um segundos e começamos a rir ao mesmo tempo. O som do riso dele era maravilhoso.
-Agora volte a ser você mesma, é muito estranho falar comigo.
-Também acho.
Eu disse, ainda rindo.
-Engraçadinha.
Ele disse, com um sorriso divertido e eu cai no chão mais uma vez, me abaixando para me transformar, quis me transformar no meu eu adolescente, mas algo em mim fez com que eu tomasse a minha forma infantil, na realidade, essa era eu, uma criança pelo resto da eternidade.
Minhas roupas estavam largas e quando olhei para Jean-Claude, ele parecia confuso.
-Achei que você ia voltar á sua forma original.
-E eu voltei.
-Como assim?
-Eu fui transformada quando ainda era criança.
-Por que fizeram isso com você? Era tão nova...
-Meu criador tinha uma crueldade sem tamanho.
-Mesmo? Achei que um dos Cullen tivesse te transformado.
-Não, eu fui encontrada por eles enquanto fugia.
Ele ficou calado, me olhando atentamente.
-Não se preocupe, já faz quase dez anos que fui transformada, se eu crescesse seria uma adolescente agora.
Ele assentiu.
-Não estou muito preocupado em ser preso por pedofilia.
Ele segurou minha mão de novo, com aquele sorriso charmoso no rosto.


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